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Um blend de café, também conhecido como mistura ou combinação de café, é a união planejada de diferentes grãos de café, torrados separadamente e depois misturados, com o objetivo de criar um sabor único, equilibrado e harmonioso na xícara. Essa composição busca realçar as melhores características de cada grão

Tipos de Blends

Existem diversas formas de fazer um blend de café as principais são apresentadas abaixo:

  • Blend de espécies ou variedades
  • Blend de torras
  • Blend de Processos

Por que é feito Blend de espécies e Variedades?

As espécies e variedades de café são os alicerces da criação de blends porque oferecem uma paleta diversificada de sabores, aromas e características sensoriais que podem ser combinadas para alcançar um perfil único. Cada espécie e variedade possui particularidades que contribuem para o sabor do blend.

Espécies:

  • Arábica: é a espécie mais valorizada e amplamente utilizada em blends de café. Sua diversidade de variedades oferece uma ampla gama de nuances sensoriais, permitindo a criação de blends com diferentes perfis de sabor.
  • Robusta: Com maior teor de cafeína e corpo mais denso, a Robusta contribui para a intensidade, o amargor e a cremosidade do blend. Sua resistência a pragas e doenças e seu cultivo mais econômico a tornam uma opção interessante para blends mais acessíveis.
  • Outras espécies: Existem outras espécies de café menos conhecidas, como Libérica e Excelsa, que podem ser utilizadas em blends para adicionar notas diferenciadas.

 

Variedades:

Dentro de cada espécie, existem inúmeras variedades de café, cada uma com características sensoriais próprias. Algumas das variedades mais utilizadas em blends incluem:

  • Catuaí: Com acidez equilibrada, corpo médio e notas de chocolate e caramelo, é uma variedade versátil e amplamente utilizada em blends.
  • Bourbon: Conhecida por sua doçura, acidez cítrica e notas frutadas e florais, é uma variedade apreciada por sua complexidade aromática.
  • Mundo Novo: Com corpo denso, acidez moderada e notas de chocolate e nozes, é uma variedade que contribui para a estrutura e o amargor do blend.
  • Outras variedades: Existem inúmeras outras variedades de café, cada uma com suas particularidades, que podem ser exploradas na criação de blends.

Como as espécies e variedades são utilizadas:

O mestre de torra seleciona as espécies e variedades de café de acordo com o perfil sensorial desejado para o blend. Ele leva em consideração as características de cada grão, como acidez, corpo, doçura, aroma e notas de sabor, para criar uma combinação harmoniosa e equilibrada.

  • Complementaridade: Grãos com características complementares são combinados para criar um blend completo e equilibrado. Por exemplo as notas frutadas de um Bourbon podem ser realçadas pelas notas achocolatadas de um Catuaí.
  • Contraste: Grãos com características contrastantes podem ser combinados para criar um blend com maior complexidade e profundidade. Por exemplo, a acidez cítrica de um Arábica pode ser contrastada com o amargor de um Robusta, criando uma experiência sensorial mais dinâmica.
  • Sinergia: A combinação de diferentes grãos pode gerar uma sinergia, onde o resultado final é maior do que a soma das partes. O blend pode apresentar novos aromas e sabores que não estavam presentes nos grãos individualmente.
Produção de café arabica robusta liberica
Distribuição dos grão arábica x libérica x robusta

Influência do processo de secagem no Blend

Nas combinações decafé, o método de secagem dos grãos exerce uma influência significativa no perfil sensorial da bebida final, adicionando camadas de complexidade e nuances de sabor que enriquecem a experiência do degustador. Cada método de secagem imprime características únicas aos grãos, que se refletem no aroma, corpo, acidez e doçura do café.

Secagem Natural:

  • Características: Os grãos secam com a casca e a polpa, o que resulta em um café com corpo mais denso, doçura acentuada e notas frutadas intensas, muitas vezes remetendo a frutas vermelhas e amarelas.
  • Impacto no blend: A adição de grãos de café de secagem natural a um blend contribui para aumentar a doçura, o corpo e a complexidade aromática da bebida, conferindo notas frutadas e um final de boca prolongado.

Secagem Cereja Descascado:

  • Características: A casca é removida antes da secagem, resultando em um café com acidez mais pronunciada, corpo médio e notas florais e cítricas.
  • Impacto no blend: Grãos de café de secagem cereja descascado adicionam vivacidade e frescor ao blend, equilibrando a doçura e o corpo de outros componentes, além de trazer notas florais e cítricas que ampliam a complexidade aromática.

Secagem Lavado:

  • Características: Os grãos são lavados e despolpados antes da secagem, resultando em um café com acidez brilhante, corpo leve e notas limpas e delicadas.
  • Impacto no blend: Grãos de café de secagem lavado trazem elegância e sutileza ao blend, realçando a acidez e a clareza dos sabores, além de contribuir para um final de boca limpo e refrescante.

A combinação estratégica de grãos com diferentes métodos de secagem permite ao mestre de torra criar blends com perfis sensoriais únicos e complexos. A doçura e o corpo dos grãos de secagem natural podem ser equilibrados pela acidez e vivacidade dos grãos de secagem cereja descascado, enquanto os grãos de secagem lavado adicionam notas delicadas e um final de boca limpo. 

Secagem ao sol dos grãos em uma fazenda na Venezuela

A Influência da Torra no blend do café

No contexto de blends de café, a variação da torra desempenha um papel crucial na criação do perfil sensorial. Ao combinar grãos com diferentes níveis de torra, é possível alcançar uma sinfonia de sabores e aromas que complementam e realçam as características individuais de cada componente do blend.

Torras claras: Grãos com torra clara tendem a apresentar maior acidez e notas frutadas e florais, conferindo ao blend uma vivacidade e frescor.

Torras médias: Grãos com torra média oferecem um equilíbrio entre acidez e amargor, com notas achocolatadas e caramelizadas que adicionam corpo e doçura ao blend.

Torras escuras: Grãos com torra escura apresentam maior amargor e notas de especiarias e tostado, conferindo ao blend intensidade e persistência.

A combinação estratégica de grãos com diferentes níveis de torra permite ao mestre de torra ajustar a acidez, o corpo, o amargor e a doçura de acordo com o objetivo desejado. Por exemplo, um blend com predominância de grãos de torra clara pode ser ideal para um café da manhã leve e refrescante, enquanto um blend com maior proporção de grãos de torra escura pode ser mais adequado para um espresso intenso e encorpado.

Além disso, a variação da torra pode ser utilizada para realçar as características específicas de cada variedade de café presente no blend. Por exemplo, um grão Arábica com notas frutadas pode ser torrado mais claro para preservar sua acidez e aroma, enquanto um grão Robusta com notas achocolatadas pode ser torrado mais escuro para intensificar seu corpo e amargor.

Alguns Métodos de criar o Blend

A criação de blends de café é uma arte que envolve conhecimento, experimentação e sensibilidade para combinar diferentes grãos e alcançar um perfil sensorial único e equilibrado. Diversos métodos podem ser empregados nesse processo, cada um com suas particularidades e vantagens. Alguns dos métodos mais comuns incluem:

Blend por Tentativa e Erro:

  • Descrição: É o método mais tradicional e intuitivo, onde o mestre de torra experimenta diferentes combinações de grãos, ajustando as proporções e torras até atingir o resultado desejado.
  • Vantagens: Permite grande flexibilidade e criatividade, possibilitando a criação de blends personalizados e exclusivos.
  • Desvantagens: Pode ser um processo demorado e trabalhoso, exigindo experiência e conhecimento profundo das características dos grãos.

Blend por Perfil Sensorial:

  • Descrição: O mestre de torra define o perfil sensorial desejado para o blend (acidez, corpo, doçura, aroma) e seleciona os grãos com características complementares para alcançá-lo.
  • Vantagens: Permite um controle mais preciso sobre o resultado final, garantindo que o blend atenda às expectativas do público-alvo.
  • Desvantagens: Exige conhecimento técnico sobre as características sensoriais dos grãos e pode limitar a criatividade.

Blend por Origem:

  • Descrição: Combina grãos de diferentes regiões produtoras, buscando explorar a diversidade de sabores e aromas do café brasileiro ou mundial.
  • Vantagens: Permite criar blends com identidade geográfica e cultural, valorizando a origem dos grãos.
  • Desvantagens: Pode ser desafiador encontrar o equilíbrio entre as características distintas de cada região.

Blend por Variedade:

  • Descrição: Combina grãos de diferentes variedades de café, como Arábica e Robusta, ou subvariedades como Catuaí, Bourbon e Mundo Novo.
  • Vantagens: Permite explorar as características únicas de cada variedade, criando blends com perfis sensoriais complexos.
  • Desvantagens: Exige conhecimento profundo das particularidades de cada variedade e pode ser desafiador encontrar o equilíbrio entre elas.

Blend por Processo:

  • Descrição: Combina grãos que passaram por diferentes métodos de processamento, como natural, cereja descascado e lavado.
  • Vantagens: Permite criar blends com camadas de sabor e aroma, explorando as nuances proporcionadas por cada processo.
  • Desvantagens: Exige conhecimento sobre o impacto de cada processo no perfil sensorial dos grãos e pode ser desafiador encontrar o equilíbrio entre eles.

Blend por Torra:

  • Descrição: Combina grãos com diferentes níveis de torra, como clara, média e escura.
  • Vantagens: Permite criar blends com diferentes intensidades e complexidades, explorando a gama de sabores e aromas proporcionada pela torra.
  • Desvantagens: Exige conhecimento sobre o impacto da torra no perfil sensorial dos grãos e pode ser desafiador encontrar o equilíbrio entre eles.

A escolha do método ideal dependerá dos objetivos do mestre de torra, do público-alvo e das características dos grãos disponíveis. Muitas vezes, uma combinação de diferentes métodos é utilizada para alcançar o resultado desejado. O importante é que o blend final seja harmonioso, equilibrado e capaz de proporcionar uma experiência sensorial única e prazerosa ao degustador.

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