Em sua essência, um blend de café é uma mistura cuidadosamente planejada de diferentes tipos e variedades de grãos de café.
Essa combinação visa criar uma bebida equilibrada, de alta qualidade e com um perfil de sabor único, impossível de ser replicado por um café de origem única.
Blend é café ruim?
Antigamente, o conceito de blend era mal interpretado, muitas vezes associado à mistura de grãos de qualidade inferior com outros ingredientes para mascarar impurezas ou adicionar sabores artificiais.
Essa visão distorcida não se aplica aos blends de cafés especiais.
Como é feito o blend de café
A elaboração de um blend de café é uma arte que exige expertise e sensibilidade.
O mestre de torra seleciona os grãos de diferentes origens, variedades e níveis de torra, combinando-os para criar um aroma único.
Quais os benefícios de um blend de café
Equilíbrio
O blend permite combinar as melhores características de diferentes grãos, equilibrando acidez, doçura, corpo e aroma para alcançar uma experiência sensorial completa.
Consistência
A mistura garante uma bebida consistente ao longo do tempo, independente da safra ou da origem dos grãos, oferecendo ao consumidor uma experiência confiável a cada xícara.
Variedade
A ampla gama de blends disponíveis no mercado oferece aos apreciadores de café a oportunidade de explorar uma infinidade de sabores e aromas, desde notas frutadas e florais até nuances achocolatadas e terrosas.
Qual a diferença de café de Origem única vs. blend?
Um café de origem única, como o próprio nome sugere, é proveniente de um único local específico, seja um país, região, fazenda ou até mesmo um lote específico dentro da mesma fazenda.
Esses cafés podem apresentar características únicas e marcantes, mas podem ser menos consistentes ao longo do tempo e ter um preço mais elevado.
O blend de café não se trata apenas de misturar grãos. Através da combinação precisa de diferentes origens e variedades, os blends oferecem expandem o universo de sabores e aromas do café.
Quais as combinações de tipos de grãos de café?
Existem 3 espécies de café principais
Arábica:
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- Responsável por 60% da produção global.
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- Originário da Etiópia e popularizado na Arábia
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- Cultivo delicado: Apesar da alta demanda, o Arábica é difícil de cultivar, exigindo altitudes elevadas e condições climáticas específicas.
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- O Arábica de alta qualidade apresenta notas sensoriais excepcionais, com acidez equilibrada e amargor mínimo.
Robusta:
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- Resistente e acessível: O Robusta, segundo grão mais popular, é robusto e resistente a doenças, permitindo um cultivo mais fácil e econômico.
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- Originário da África Subsaariana, é majoritariamente cultivado na África e na Indonésia.
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- Base do café instantâneo: O Robusta, rico em cafeína, é a base do café instantâneo e de blends mais acessíveis.
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- Presença global: O Robusta é popular em países como o Vietnã, onde é utilizado em blends tradicionais.
Liberica:
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- Exclusivo e peculiar: O Liberica, com apenas 2% da produção global, é um café raro nos mercados ocidentais.
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- Produzido principalmente na Malásia e apreciado nas Filipinas, este café
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- Experiência singular: O Ibérica é uma opção para paladares aventureiros que buscam aromas e sabores distintos no café.
Tipos de Blends de Café
A criação de blends visa combinar as características de diferentes grãos para alcançar um perfil sensorial específico.
Existem blends de variedades, de processo de secagem e de torra e também a mistura entre estes métodos.
Blends de Variedades
1. Conilon:
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- Robusta: Encorpado, amargo e com alto teor de cafeína (até 2,37%).
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- Planta rústica e resistente.
2. Laurina (Frevo):
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- Mutação natural do Bourbon.
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- Porte baixo, frutos e sementes pontudos.
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- Resistente à seca, mas suscetível à ferrugem.
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- Baixo teor de cafeína (cerca de 0,6%).
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- Sabor suave e agradável, com notas frutadas e florais.
3. Mundo Novo:
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- 100% Arábica.
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- Grãos de qualidade superior.
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- Aroma suave e sabor marcante.
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- Planta rústica, de porte alto e adaptável a diferentes climas.
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- Presente em todas as regiões cafeeiras do Brasil.
Cafés Especiais:
4. Bourbon:
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- Doçura natural, textura achocolatada, aroma intenso e acidez agradável.
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- Bebida suave e adocicada.
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- Variedades: vermelho e amarelo.
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- Amarelo: notas acentuadas, doçura e produtividade 40% maior.
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- Vermelho: melhor adaptabilidade.
5. Geisha:
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- Estrela de concursos internacionais.
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- Favorita dos baristas e apreciadores de café.
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- Aroma floral com notas doces e frutadas.
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- Bebida rara e deliciosa.
6. Arara:
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- Fruto de pesquisa persistente.
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- Variedade produtiva e resistente a doenças.
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- Grãos amarelos.
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- Bebida limpa e adocicada.
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- Premiada em concursos nacionais e internacionais.
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- Pontuações acima de 90 na escala da BSCA.
Blends de processos (natural, lavado, etc.)
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- Natural: A secagem ao sol com casca, como um violão acústico, traz notas terrosas e frutadas, com um toque rústico e encorpado.
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- Cereja Descascado: A casca é removida antes da secagem, revelando um timbre mais limpo e brilhante, como um piano. Notas doces e cítricas se destacam, com um corpo equilibrado.
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- Lavado: Um processo que fermenta e lava os grãos antes da secagem, semelhante a uma flauta. A acidez vibrante e a doçura delicada se entrelaçam, criando um corpo leve e refrescante.
Blends de torra
A torra do café é um processo crucial que define o sabor e a textura da bebida final. As torras podem ser classificadas em clara, média, escura e extra escura, cada uma com características distintas.
Torra Clara:
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- Menor tempo de torrefação (180°C – 205°C).
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- Maior quantidade de cafeína e acidez.
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- Sabores originais do grão mais proeminentes.
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- Acidez cítrica ou de limão.
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- Exemplos: cafés de filtro, espresso claro.
Torra Média:
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- Temperatura interna entre 210°C e 220°C.
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- Equilíbrio entre acidez e corpo.
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- Sabores mais neutros e equilibrados.
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- Preferência da maioria dos bebedores de café.
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- Exemplos: cafés coados, cappuccino.
Torra Escura:
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- Temperatura interna entre 225°C e 230°C.
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- Sabor mais rico, encorpado e com menor acidez.
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- Caramelização dos açúcares do café.
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- Final amanteigado.
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- Exemplos: café espresso, café turco.
Torra Extra Escura:
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- Temperatura interna entre 240°C e 250°C.
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- Óleos visíveis na superfície dos grãos.
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- Ausência de sabor de origem.
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- Menor quantidade de cafeína.
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- Sabor predominante do processo de torrefação.